domingo, 8 de junho de 2008

COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DO LIXO URBANO DE BRASÍLIA


Diretor do SLU Edmundo Gadelha ministra palestra no UniCEUB em prol da educação sócio-ambiental, visando promover novas atitudes, condutas e procedimentos que gerem uma cultura baseada nos princípios da sustentabilidade, autogestão e economia solidária

Por Biah Gasparotto

No dia 15 de abril, o Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) promoveu palestra ministrada pelo engenheiro e diretor do Núcleo de Projetos da Assessoria de Planejamento do Sistema de Limpeza Urbana (SLU), Edmundo Pacheco Gadelha, com o objetivo de ampliar a compreensão dos participantes – alunos, professores e convidados – sobre os diversos aspectos sócio-ambientais relacionados à geração e à destinação de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) e ações estratégicas do Governo voltadas para a coleta seletiva e reciclagem do lixo.

Atualmente, são coletadas cerca de 2.500 toneladas de lixo comum por dia no Distrito Federal, sendo que 300 toneladas são depostas na rua e em lixões sem estrutura. Os resíduos da construção civil acrescentam mais 4.000 toneladas no montante de lixo da capital. Com a mudança de hábitos, o aumento dos produtos industrializados e inserção de embalagens descartáveis, o lixo passou a ser considerado uma preocupação mundial, tendo em vista que há algumas décadas era constituído basicamente por resíduos orgânicos e facilmente decomposto pela natureza.

De acordo com Gadelha, a produção de lixo varia entre os Estados, números de habitantes, classe social, fatores climáticos e sazonais. Uma das soluções ecologicamente correta é a implementação da Coleta Seletiva, hoje realizada pelos servidores do SLU com apoio das cooperativas de catadores. “A separação dos materiais recicláveis somente abrange uma pequena porcentagem das residências do DF, mas transforma o problema do lixo em recurso econômico e social, ou seja, estimula a cidadania, gera emprego e renda, preserva os recursos naturais, diminui a poluição do solo e economiza energia, transporte, água e combustível”, afirma o engenheiro.

Seguindo algumas etapas, primeiramente o lixo é acondicionado de forma adequada em sacos plásticos, lixeiras e contêineres. Sua coleta é diurna nas áreas residenciais e noturna nas comerciais. O transporte é feito por caminhões, basculantes e compactadores. Na seqüência, o tratamento e o destino final do lixo são considerados pelo palestrante as partes mais complexas do processo.

Diariamente, são encaminhadas 1.200 toneladas de lixo para as duas Usinas de Compostagem de Brasília, localizadas na Asa Sul e Ceilândia. Esteiras rolantes, eletroímãs e peneiras separam o lixo enquanto os catadores selecionam o material reciclável – papel, vidro, plástico e metal – por tipo e cor. Para cada tonelada de vidro reciclado, são economizadas mais de uma tonelada de recursos naturais (603 kg de areia, 196 kg de carbonato de sódio, 196 kg de calcário e 68 kg de feldspato). Após a triagem, uma parte do rejeito, que corresponde a 65%, é transformada em composto orgânico e a outra encaminhada para o aterro sanitário, que em outros países são utilizadas para produção de energia elétrica.

A classificação dos resíduos é regulamentada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da NBR 10004, de maio de 2004. Quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública são adotados como: Classe I (perigosos): apresentam as seguintes características: reatividade, inflamabilidade, corrosividade e toxicidade. Ex.: lâmpadas fluorescentes e fibras de amianto; Classe II (não inertes): combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água; Classe III (inertes): rochas, tijolos, vidros, certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente.

Ainda segundo Gadelha, os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) representam um grande perigo, tanto para a saúde das pessoas quanto ao meio ambiente. Em função de suas características, merece um cuidado especial em seu acondicionamento, manipulação e disposição final. Deve ser incinerado e os resíduos levados para o aterro sanitário. Em termos de regulação, as regras estão dispostas na Resolução N.° 306, de dezembro de 2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As pilhas comuns e alcalinas podem ser jogadas no lixo doméstico sem qualquer risco ao meio ambiente. As pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos deverão ser entregues aos comerciantes ou fabricantes para que possam providenciar o tratamento adequado e a disposição final.

As próximas metas a serem alcançadas, estão relacionadas com a implementação do Plano Diretor de Resíduos Sólidos do Distrito Federal, apresentado ano passado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH) e o Sistema de Limpeza Urbana (SLU). Orientar o desenvolvimento da limpeza pública, estabelecer diretrizes futuras para o desenvolvimento sustentável, licitar novas empresas prestadoras de serviços, bem como promover a inclusão sócio-econômica são alguns dos objetivos do projeto que irão beneficiar não só o meio ambiente, mas a sociedade como um todo.

Como mensagem final, o diretor Edmundo Gadelha cita frase da Organização Mundial de Saúde (OMS), agência especializada e subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU). “De cada seis habitantes no mundo, um deles anda mais de dois quilômetros por dia para conseguir água”.

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